Projeto itinerário

Mônica Valls Indalencio Moreira

Colégio Objetivo
São Paulo, SP

No material didático do Colégio Objetivo há um projeto sobre itinerários e maquetes. Conversando com uma professora de sala de aula, sugeri trabalhar com a lógica de programação em dois momentos: um sem o computador e outro com o computador.

O projeto começa com uma história:

OS MATEMATECOS SÃO UMA FAMÍLIA DE ROBÔS CRIADOS E PROGRAMADOS PARA ACOMPANHAR OS ALUNOS NA RESOLUÇÃO DE DESAFIOS MATEMÁTICOS.
CERTO DIA, JOSÉ MATEMATECO RESOLVEU CONHECER PESSOALMENTE OS ALUNOS DO 1.º ANO DE UMA UNIDADE DO COLÉGIO OBJETIVO. ELE SABIA QUE ESTAVA PARA ENFRENTAR UM GRANDE DESAFIO: O MUNDO REAL.
VAMOS VER O QUE ACONTECEU COM ESSE ROBÔ?
UMA VEZ DIANTE DO PORTÃO DE ENTRADA DA ESCOLA, JOSÉ MATEMATECO PROCUROU, EM UM DE SEUS PROGRAMAS, PISTAS QUE O LEVASSEM ATÉ AS CRIANÇAS. NÃO ACHOU NENHUMA. ELE LOGO TEVE VONTADE DE DESISTIR. DEU ALGUNS PASSOS PARA A FRENTE, OUTROS, PARA O LADO. ENTÃO, RESMUNGOU BEM ALTO:
— COMO É QUE EU, UM PRODUTO GENIAL DA MATEMÁTICA, NÃO SEI ME DESLOCAR NOS AMBIENTES DESTA ESCOLA? AH! MAS EU VOU DESCOBRIR! QUERO CONHECER OS CAMINHOS PARA IR E VIR, COM SEGURANÇA. QUERO SAIR DE QUALQUER LUGAR PARA CHEGAR A QUALQUER DESTINO.
QUEM ESTAVA POR PERTO OUVIU E CORREU PARA CONTAR À DIRETORA SOBRE A PRESENÇA DO MATEMATECO. ELA, ENTÃO, CONTOU À PROFESSORA, QUE CONTOU AOS ALUNOS.
DEPOIS DE UMA RÁPIDA CONVERSA, PROFESSORA E ALUNOS RESOLVERAM AJUDAR O ROBOZINHO, QUE ESPERAVA PACIENTEMENTE POR AUXÍLIO NA ENTRADA PRINCIPAL DA ESCOLA.
AS CRIANÇAS QUERIAM CERCÁ-LO DE ORIENTAÇÕES, PARA QUE ELE PUDESSE CONHECER TODOS OS TRAJETOS DA ESCOLA E ASSIM INCORPORÁ-LOS A SEU SISTEMA INTERNO.

Lançamos então uma situação-problema: construir um robô que pudesse percorrer os espaços da escola. O robô seria orientado pelas crianças, por meio de uma sequência de passos.
Os alunos foram divididos em grupos, cada um com uma tarefa. Um guiaria o robô. O outro registraria os passos. O ponto de partida seria a sala de aula. Com isso, pretendíamos despertar o espírito da cooperação e da autonomia, de forma que os alunos pudessem colocar na proposta tudo o que soubessem sobre aquele conteúdo.

Os alunos imediatamente se envolveram. Começaram a construir o robô com sucata. Levei um souplat, com rodinhas para a base. O restante, como caixas e adereços, as crianças arrecadaram junto às famílias.
Iniciei a construção com os alunos. Na sequência, eles continuaram com a professora de sala, durante as aulas. Até o nome do personagem foi motivo de votação.
O robô foi sorteado no final do projeto.

Objetivo específico:

Ler, interpretar e representar espaços físicos, para identificar posição, direção e sentido. Áreas de conhecimento: Natureza e Cultura/ Matemática/ Educação Física/ Informática.

Conteúdos:

Orientação espacial e elementos para mapear; pontos de referência; direção; sentido.

Seguimos alguns critérios:

Indicadores observáveis – Específicos para o campo aditivo

  • Busca estratégias de resolução, com o apoio da linguagem matemática
  • Argumenta para justificar os caminhos percorridos na solução de problemas
  • Aplica procedimentos discutidos e justificados em ocasiões anteriores
  • Estima quantidades, até a aproximação do resultado convencional
  • Compara quantidades e identifica a menor parte, a metade e a maior parte
  • Confronta quantidades e encontra as diferenças.

Indicadores observáveis – Espaço e forma

  • Define pontos de referência para descrever diferentes espaços
  • Define e descreve, oralmente, o caminho percorrido, ou a percorrer, entre um ponto e outro. Representa, por meio de diferentes linguagens, caminhos alternativos, ou não, entre um ponto e outro
  • Faz leituras de documentos, indicando a posição e a movimentação de objetos ou pessoas. Destaca semelhanças e diferenças das formas presentes no cotidiano
  • Reconhece e representa formas de superfícies planas e arredondadas
  • Utiliza noções de posição espacial nas brincadeiras e nos diversos contextos ao reconhecer tal necessidade
  • Consegue descrever a posição de um objeto, tendo como referência o próprio corpo
  • Faz relações entre os objetos, identificando semelhanças e diferenças entre eles, assim como sua posição a partir do próprio corpo ou de outros pontos de referência.

A observação dos alunos durante a resolução de cada proposta foram muitos importantes para a condução e avaliação do projeto. Para isso, lançamos mão dos indicadores observáveis.

Terminado o robô, iniciamos o percurso. Foi muito interessante a discussão.

Os alunos contavam os passos, carregando o robô. Alguns diziam: “o passo dele é maior que o meu, vai andar mais”. Outros contavam histórias sobre caminhos feitos com a família, já com noções de mudança de direção. Alguém dizia: “Vire para lá!” E um amigo questionava: “Para onde”? Alguns usavam os termos direita e esquerda. Outros tiveram dificuldade para registrar, então os amigos ajudavam. Faziam e refaziam o percurso, para ter certeza de que tinham registrado corretamente. O registro de passos do robô foi escrito pelos alunos.

Foi muito divertido. Todos estavam eufóricos. E todos queriam ficar com o personagem.
O debate continuou com a professora de sala.

Depois disso, fizemos uma malha quadriculada, com fita crepe, e aproveitamos o robô para brincarmos um pouco. Um grupo dava os comandos. O outro executava. Alguns alunos ficavam em dúvida na hora da virada. Acertavam por tentativa e erro.

Partimos, por último, para a proposta de trabalhar a lógica no computador.
Usamos o code.org, para as séries inicias. Nas primeiras fases, foi tranquilo. Porém, à medida que avançavam, as dificuldades apareciam. Alguns alunos solucionavam com facilidade. Outros diziam que o jogo estava chato. Precisei mesclar alguns trios, para que voltassem a fazer a proposta.

Foi muito gratificante ver a alegria dos alunos quando terminaram o robô, fizeram o percurso e executaram a atividade no computador.
Repetiremos a proposta no próximo ano.